sábado, 21 de julho de 2007

José Bonifácio de Andrada e Silva

Por João Nery Guimarães

José Bonifácio de Andrada e Silva, natural da cidade de Santos, é uma das glórias maiores da Maçonaria Brasileira, na qual militou e onde foi por duas vezes, Grão-Mestre (1821-1822 e 1831-1838). Bacharelando-se em filosofia e direito, em Coimbra (1786), com a reputação de primeiro aluno, em 1790 partiu para longa peregrinação científica pelos países da Europa, percorrendo a França, Paises-Baixos, Alemanha, Suécia, Noruega, Escandinávia, Boemia, Hungria, Itália, onde privou com vultos de realce nas ciências e nas letras, notadamente Lavoisier, Werner, Jussieu e Volta. Membro da Academia Real de Ciências de Lisboa, foi distinguido pelas principais sociedades científicas do seu tempo, com as quais se correspondia, escrevendo preciosas memórias sobre mineração. Voltando a Portugal em 1800, foi nomeado Intendente Geral da Minas e desembargador honorário da Relação do Porto, dando-se-lhe em Coimbra, para reger, a cátedra de metalurgia.

Durante a invasão napoleônica em Portugal, pegou em armas comandando o famoso batalhão acadêmico, onde conquistou fama de bravura. Expulsos os franceses, foi nomeado Intendente da polícia do porto, cargo que exerceu com rara habilidade. Voltado aos estudos, dedicou-se até 1819 a trabalhos de ordem científica que deram grande impulso à Academia de Ciências de Lisboa, da qual foi eleito secretário Perpétuo.

Voltando ao Brasil, depois de tantos anos, José Bonifácio aliou-se àqueles que desejavam a independência do Brasil, desenvolvendo, junto com seu irmão Martim Francisco, um movimento na capitania de São Paulo para que se acompanhasse o movimento constitucional do Porto. Entra em contato com o grupo libertador do Rio de Janeiro, e após a data histórica do “Fico”, é nomeado pelo Príncipe D.Pedro, Ministro do Interior e Estrangeiros. “Desde então- diz Taunay- é Jose´Bonifácio quem guia a política brasileira como mentor, cheio de prudência, patriotismo, descortino e lealdade, ao Príncipe Regente, personalidade ingovernável, a quem sabe tratar com prodigiosa habilidade e força persuasiva”.

Juntamente com Joaquim Gonçalves Ledo, do qual divergia quanto às idéias republicanas, pois era monarquista, José Bonifácio conduz o movimento da independência, consertando os planos dentro das Lojas Maçônicas, e executando-os perante a Nação, com o concurso de grandes Maçons, cujos nomes se inscrevem brilhantemente na História da Pátria. Eleito Grão-Mestre da Maçonaria, em 28 de maio de 1822, juntamente com Ledo, que foi eleito 1º Vigilante, funda logo depois o “Apostolado”, com frisantes características maçônicas e cuja influência até hoje não foi devidamente avaliada pelos estudiosos.

Proclamada a Independência do Brasil, a 7 de setembro, assume o lugar de Primeiro Ministro.Lutando com Ledo, Januário, Nóbrega e José Clemente, o Patriarca da Independência toma medidas enérgicas para consolidar o novo Império, sendo sua a eficiente idéia de entregar-se a Lord Cochrane o comando da marinha Brasileira, que manteve inviolável as nossas águas. Caindo do Ministério a 16 de julho de 1823, José Bonifácio, com seus irmãos Martin Francisco e Antonio Carlos, fundam o “Tamoyo”, jornal de combate ao governo, que enceta violenta luta. Presos, finalmente, são exilados os Andradas, e escapam de cair nas mãos dos portugueses, graças à proteção do cônsul inglês da cidade espanhola de Vigo e do embaixador inglês em Madri, que lhes permite a ida para a França, onde ficam durante seis anos em Bordéus.

Regressando ao Brasil, quando os ânimos já haviam serenado, recebe grandes homenagens e a maior de todas, que foi o título de tutor dos filhos de D. Pedro I, que abdicara do trono do Brasil. Durante as lutas da Regência, José Bonifácio filia-se ao partido “Caramuru” que defendia a idéia restauradora da volta de D. Pedro I. Isso lhe vale novo processo, como réu de traição à pátria, acusação de que finalmente é absorvido.

Com 75 anos de idade, cansado de tantas lutas, fecha os olhos para o mundo, na cidade de Niterói, onde viveu seus dias num regime de pobreza e simplicidade, dignas de um Maçom que tinha tão altas qualidades de inteligência, energia e amor à Pátria, que libertou e engrandeceu.

Fonte: http://paginas.terra.com.br/informatica/exato/arls2793/

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